
A reunião objetivava encontrar soluções para os problemas da crise hídrica que se instalou no município
Na noite da quinta-feira, 22, a CDL de Iguatu reuniu representantes do poder público, envolvendo município, Estado e da sociedade civil, através das entidades e instituições, para debater a maior crise hídrica de sua história. O presidente da entidade, Francisco José Mota Luciano, ‘Dedé Duquesa’, na abertura do encontro informou que a CDL foi provocada pelo empresário Valdeci Ferreira, do Pacto de Cooperação do Centro-Sul, preocupado com um possível colapso no abastecimento da cidade. Dedé Duquesa afirmou que foi meta também do encontro ouvir as autoridades públicas sobre quais as alternativas viáveis que existem para socorrer a população num eventual colapso no abastecimento d’água. Ele chamou atenção para o quadro preocupante da crise hídrica e disse que o fenômeno já prejudica o comércio. “Estamos defendendo uma mobilização suprapartidária, entre todas as forças do município, para buscarmos alternativas, porque o quadro é de preocupação”, afirmou.
Participaram da reunião o prefeito Ednaldo Lavor, o presidente da CDL, Dedé Duquesa, o secretário Executivo de Recursos Hídricos, Aderilo Alcântara, Tácido Cavalcante, superintendente do SAAE, Hildernando Barreto, secretário de Agricultura, Marcos Ageu e Ismael Lopes, presidente dos Rotary, Iguatu e Planalto, Carlos Tadeu Rodrigues, presidente do Sindilojas, Gilvânio Oliveira, Associação Comercial, Anatarino Torres, gerente da COGERH, os vereadores Lindovan e Louro da Barra, dentre outros convidados.
Situação atual
Anatarino Torres apresentou os dados hídricos da Bacia do Alto Jaguaribe, onde estamos inseridos, e os percentuais hídricos do açude Roberto Costa (Trussu), que apresenta índices preocupantes, com pouco mais de 4% de sua reserva. Ele pontuou que o reservatório chegou a este patamar por causa dos anos seguidos sem recarga suficiente. Conforme o gerente, atualmente o reservatório abastece Iguatu e Acopiara, através de adutoras, além dos carregamentos diários de cerca de 40 carros-pipas para abastecer comunidades rurais de Acopiara, Mombaça, Piquet Carneiro, Quixelô e Catarina. Anatarino lembrou que os anos mais críticos em relação à recarga foram 2017 e 2018. Segundo ele, a previsão é que em 1º de fevereiro de 2019 o reservatório alcance 3,2%, da capacidade hídrica, com pouco mais de 8,8 milhões de metros cúbicos de água.

Superintendente do SAAE, Tácido Cavalcante mostrou três alternativas para minimizar um eventual colapso
O geólogo da COGERH, Guilherme dos Santos, apresentou o projeto quali-quantitativo de um estudo que vem sendo feito na região da Bacia do Alto Jaguaribe, envolvendo os municípios de Iguatu, Jucás, Quixelô, Icó e Orós, numa área de 135 mil quilômetros quadrados, para identificar a capacidade hídrica subterrânea das mantas de material sedimentar.
Entre as ações implementadas pela Secretaria de Recursos Hídricos e anunciadas na reunião pelo secretário executivo Aderilo Alcântara, estão a construção de barragens subterrâneas na zona rural, bem como a limpeza e restauração de fissuras na parede do açude Trussu, e escavação de poços, através da Sohidra. O secretário também afirmou que outro projeto a ser executado é a recuperação da mata ciliar do rio Jaguaribe, em suas áreas mais degradadas começando nas nascentes do rio em Tauá e alcançando todas as áreas de sua margem até a foz em Aracati.
Iguatu está entre os municípios do Estado considerados em estado de emergência hídrica
A informação de que Iguatu está entre os municípios cearenses, onde o Governo do Estado decretou estado de emergência hídrica, foi repassada durante o encontro na CDL pelo superintendente do SAAE, Tácido Cavalcante. Tácido afirmou que o quadro é de preocupação, mas não há natureza caótica. Ele relatou que é possível apontar

Secretário Executivo de Recursos Hídricos, Aderilo Alcântara, explicou sobre ações implementadas no município
três caminhos como alternativas viáveis, uma delas seria uma adutora emergencial com um percurso de 1,5km entre o distrito de Suassurana e a área de captação de água do açude Trussu, para reduzir o número de rompimentos da adutora, uma vez que a COGERH garante que a água que resta poderá ser usada até agosto de 2019, mesmo que não haja recarga hídrica. Segundo o superintendente, Iguatu consome 5 milhões de metros cúbicos de água por ano. E em torno de outros 5 milhões se perdem por evaporação no mesmo período. “Hoje nós temos ainda 12 milhões de metros cúbicos de água, isso nos dá a certeza que a gente ainda vai atravessar o próximo ano”, afirmou.
Alternativas
Com três poços já perfurados no chamado ‘Aquífero do Julião’, o superintendente acredita que a escavação de outras unidades, e com a fase de testes de vazão em andamento possa dar mais segurança e considerar outra alternativa num ‘plano B’ de emergência. A meta é perfurar mais 07 poços para completar um total de 10 e interligar com a adutora que vem do Trussu.

Dedé Duquesa, presidente da CDL pediu mobilização de todos em busca de alternativas para a crise hídrica no município
A terceira alternativa seria água de poços pertencentes ao SAAE na área de captação do rio Jaguaribe, cuja produção hoje chega a 200 mil litros por hora e é canalizada em tubulação própria para a ETA-Estação de Tratamento de Água no Cocobó. Outra tubulação que sai da ETA leva água tratada para 04 bairros: Chapadinha, Cajazeiras, vila Neuma e Moura. A meta seria usar as duas tubulações transportando água para atender 55% dos usuários da cidade. Isto é, daria através de 14 poços existentes na área. Do total 4 já são usados e outros 10 passaram recentemente por uma operação de limpeza feita pela Sohidra. Segundo Tácido, seria construída uma estação de tratamento dentro da área com capacidade para 400 mil litros de água por hora, mas para isso teria que construir nova adutora para abastecer os quatro bairros, que ficariam descobertos. Segundo o superintendente, os projetos alternativos necessitam da injeção de recursos do Governo do Estado, o que ele acredita seja necessária verba da ordem de R$ 750 mil.
Como encaminhamento da reunião na CDL foi elaborado um documento no final do encontro, com assinatura de todos os representantes dos órgãos, entidades e instituições, e foi encaminhado ainda nesta sexta-feira, 23, para o governador Camilo Santana, solicitando audiência com as lideranças de Iguatu para debater a viabilidade dos projetos sugeridos.